segunda-feira, 20 de abril de 2015

Diá-Lu-gos #7

Depois de um dia de mau comportamento e desrespeito à autoridade, na escola e na natação (anda fresca...), aproveitámos o jantar para dar uma ensaboadela à Luísa sobre como é importante fazer o que os pais e professores dizem, para ser uma boa menina e não correr riscos desnecessários.
No fim da conversa, chegaram as perguntas:
Lu: - Quem é que manda na escola?
Mãe: - São as professoras.
Lu: - E quem é que manda em casa?
Mãe: - São os pais.
A Luísa pensa dois segundos, e pergunta:
- ...e quando as professoras vêm visitar?

quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Manel faz ano!

Faz hoje um ano que a Maria resolveu brincar à "parturiente em fuga" e me deixou em casa a dormir, até ser acordado por um telefonema das Urgências a dizer que era melhor ir depressa porque o Manel estava quase a nascer. Como cheguei a tempo e correu tudo bem, consegui perdoar-lhe no próprio dia e ficámos com uma história cómica para contar.


Ao segundo filho, se por um lado há mais trabalho (porque é preciso cuidar de dois), por outro há mais experiência e menos preocupação. O Manel foi para o infantário mais pequeno, aos seis meses, e por isso estranhou menos; salta com um sorriso para o colo das educadoras, embora num dia ou outro ponha pose de Senhor Sério (que também tem o seu charme). Tirando a farfalheira constante e uma pele muito sensível, não nos tem dado preocupações de maior, graças a Deus. Já foi a Londres e já cruzou Portugal do Minho ao Algarve.


Na hora da refeição, é um regalo vê-lo abrir a boca para comer tudo o que lhe pusermos à frente. Ou talvez seja um pouco aflitivo ver a sofreguidão com que devora tudo, como se não comesse há meses, o desespero quando paramos de lhe dar por uns segundos e o desconsolo quando vê que já não há mais - ora toma lá mais um bocadinho de pão para te calares... 
Já tem seis dentes, já come fruta aos gomos e continua a mamar um par de vezes ao dia.

Na sua pose preferida
Gatinha depressa, levanta-se e anda agarrado a tudo - aos móveis, ao andarilho, às nossas pernas - , arrasta cadeiras se for preciso, mas ainda não arrisca ficar de pé "sem mãos" nem um segundo. Diverte-se a atirar coisas para o chão: canetas, livros, o que houver. Gosta de tocar xilofone e tambor, e até já fez uma incursão nas guitarradas familiares.


Diz olá, mamã, papá, mana e banana, mas só quando lhe apetece. Gosta de acordar a mana de manhã com umas suaves pancadonas, e ainda mais de lhe puxar os cabelos; em troca, ela pega-lhe ao colo e larga-o no chão como se fosse um boneco, o que vale é que ele ainda é meio de borracha. E um borracho!
Parabéns, Manel!

domingo, 5 de abril de 2015

Esta é a noite

"Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé", escreveu São Paulo. Por muitos ensinamentos que retiremos dos três anos de pregação pública de Jesus e por maior que tenha sido a Sua entrega na cruz (levando na d'Ele as nossas), a ressurreição é o busílis do nosso credo. Acreditar nos que dela fizeram eco levou muitos dos primeiros cristãos ao martírio, como ainda hoje no Médio Oriente. Acreditar nela é o que faz de mim cristão. Para quem nela acredita, esta é a noite maior do ano.

Claro que simpatizo com a ideia de festejar os grandes momentos da fé com overdoses de açúcar - para mim, está perfeitamente alinhado e alimenta a devoção. Mas, além da excitação da caça aos ovos de chocolate, consegui fomentar na Luísa a expectativa de irmos à "missa do glória a Deus", leia-se a vigília pascal do CUPAV, aonde já a tinha levado no ano passado. O "glória a Deus" é o cântico batucado que acompanha o acender das luzes (o início da missa é às escuras) que assinala a passagem do Antigo para o Novo Testamento, e é a música beata preferida da Luísa. Este ano já lhe expliquei o que era a ressurreição de Jesus, com a mesma naturalidade que não lhe escondo o que é a morte.

A vigília pascal é tradicionalmente quando se faz o baptismo de adultos, e ontem o meu amigo Pe. José Pinheiro acompanhou uma paroquiana que foi baptizada pelo Papa Francisco, o que é também digno de nota! Uma Santa Páscoa a todos!

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ainda me parece mentira

Desde miúdo que gosto do Herman. Via os programas todos e repetia-lhe os chavões. Enchi cassetes e cassetes VHS com os seus melhores momentos. Na fase mais doente, guardava numa caixa todas as suas entrevistas, cheguei a ir pôr uma carta à casa de Azeitão e deixei-lhe dezenas de mensagens no gravador de chamadas - até ao dia em que ele atendeu e me convidou para ir assistir a uma gravação d'A Roda da Sorte, o que acabámos por nunca operacionalizar.

Desde adolescente que digo que gostava de ser jornalista (antes disso quis ser Papa e produtor de televisão). Fintei o caminho mais directo e estudei Direito e Política Social. Nos últimos anos, voltei a aproximar-me: há cinco anos que escrevo um programa radiofónico de entrevistas e no fim de 2014 fiz um mini-curso de introdução ao jornalismo. Foi aí que começou uma conversa com o João Miguel Tavares, depois reatada no infantário, em que ele me desafiou a escrever umas coisas para a nova secção de Lifestyle do Observador, dentro dos subtemas Nostalgia e Família. O João foi o Júlio Isidro da minha carreira no jornalismo!

A série espanhola "Verão Azul" foi o mote para o meu artigo de estreia, cuja recepção emotiva no Facebook rendeu 4 mil partilhas e 14 mil leitores. Seguiu-se outro artigo sobre terrores nocturnos e dois sobre o Festival da Canção, que me deram gozo a escrever mas tiveram resultados muito abaixo do primeiro. Lembrei-me então que o Herman estava a fazer anos, que teria graça fazer um apanhado dos melhores momentos da sua carreira e que, com sorte, talvez ele até lesse - mas claro que isto era só um wishful thinking.

Há duas semanas, lá saiu o artigo. Uma hora depois, o próprio Herman partilhava o link da "fantástica súmula" na sua página do Facebook:
Para além do que significava para um grande fã como eu, esta partilha teve um notável efeito multiplicador que ninguém preveria: o artigo chegou às 30 mil partilhas, 112 mil leitores e 208 mil visualizações - qualquer coisa como 6 vezes o total de visualizações que este blogue teve em 7 anos!
Durante 3 dias, esteve no top dos artigos mais populares do Observador.
Claro que fiquei muito contente com este pico de audiências, mas mais ainda por ter sido responsável por uma enorme vaga de "boa onda" - mesmo quem já não gasta do Herman, gostou de lembrar os seus melhores momentos. E ao Herman, com todas as suas virtudes e defeitos, devemos uma revolução na maneira de fazer humor no nosso país. Talvez um dia ainda o consiga entrevistar! 

Por agora, e assim que despachar uma tradução, tenho mais uma mão cheia de artigos para escrever e também aceito sugestões de coisas da nossa infância que gostassem de ver recordadas.