terça-feira, 8 de abril de 2014

Cenas de um nascimento

Hoje a Maria completava 40 semanas de gravidez, tinha consulta marcada para as 8h30. Estava de baixa há uma semana (sim, trabalhou nos Cuidados Intensivos até às 39 semanas!). Ontem brincámos a dizer que nasceria hoje, porque, tal como foi da Luisinha, ambos tínhamos cortado o cabelo e as amigas Francisca e Joana tinham vindo cá a casa na véspera. Adormeci a escrever mentalmente um post que hoje poria no blogue, a contar que já estávamos nas 40 semanas e que estava tudo a postos (entreguei tradução, deixei o trabalho sem grandes pendentes, a casa estava preparada e os avós maternos já tinham voltado do Brasil).

Acordou às 3 da manhã com contracções e foi aguentando. A Luisinha, como que a pressentir, acordou pouco depois, fez fita (agora acorda a meio da noite a dizer que não quer dormir mais), mas a Maria lá conseguiu voltar a adormecê-la, na nossa cama. Lá para as 6 da manhã, levantou-se, tomou banho e tomou o pequeno-almoço, nas calmas. Às 7h saiu A PÉ para o Hospital, convencida de que tudo iria demorar muito tempo, como as 12 horas do primeiro parto, e que eu teria tempo de acordar normalmente, preparar a Luisinha e levá-la ao infantário, e só depois ir ter com ela. Deixou-me este bilhete:
Note-se como primeiro vêm as instruções para preparar a Luisinha e só depois,
tipo pormenor, "vou directa às urgências... já te vou contando."
Acordei às 7h32, com o telemóvel a tocar na minha cabeceira, de um número desconhecido. «Estou a ligar-lhe do hospital, das urgências, a sua mulher já está aqui e vai subir para o bloco de partos, é melhor vir depressa.» Vieram-me à mente umas quantas asneiras, "só a Mary é que me faz destas..." Telefonei aos sogros, para virem depressa ficar com a Luisinha, e arranjei-me a correr. Fui para o Hospital a voar, de mota, a pensar "será que ainda chego a tempo?"

A senhora do guichet pediu-me para esperar que me chamassem e bitaitou: "se calhar já não vai poder assistir, como ela já entrou para o bloco de partos..." Como aprendi com o meu sogro a não me ficar com um "não", subi até ao piso do bloco, decidido a fazer marcação cerrada ao parto. Afinal ainda lhe estavam a pôr a epidural, já me chamariam. E assim foi: às 8h30 estava a vestir a bata verde para entrar na sala onde tudo se ia passar. Dei conta de que não tinha comido nada e, como sou hipersensível a sangues e afins, receei que, nalgum momento de maior tensão, pudesse cair redondo na sala de partos. Mas não, a Maria foi uma valente a fazer força e o Manel foi um despachado a sair, por isso nem deu tempo para mariquices! Às 8h55 ouvimos o seu primeiro choro e vimo-lo pela primeira vez!
Aqui fica a primeira foto. Não sendo fantástica,
ficará para a história como a primeira.
E assim foi, graças a Deus correu tudo bem e mãe e filho estão com muito boa cara, e na quinta-feira já devem ir para casa!
E cá está ele, já mais compostinho!
E aqui com os olhos abertos...

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